sábado, 30 de abril de 2011


A cada ano que passa meus aniversários ficam mais nostálgicos, já que
as rugas, responsabilidades e dúvidas aumentam com a idade.

Como meu sábio pai diz “um dia você também vai ficar velha”, e eu não
discordo disto. Porque, logicamente, ele tem razão: a cada segundo
envelhecemos, e como já dizia Cazuza “ o tempo não para".

Aniversário! Existe coisa mais constrangedora do que ganhar abraços de
pessoas que nunca te disseram bom dia, ou ainda ter que responder a
temida pergunta de que todas as mulheres fogem: “quantos anos?”. É meu
caro e velho leitor, odeio rotinas e o aniversário nada mais é do que
uma rotina anual.

Confesso que até os 19 anos adorava essa data. Esta data querida, não
que eu a odeie agora, só gosto menos, porque pra mim era tão “jovem”
ter o “um” na frente.

Não que eu me ache velha, apesar de saber que eu nunca confessaria
isso, mas o ritual do aniversário me assusta às vezes.

Sigam meu raciocínio, por exemplo, as festas surpresas. Tem gente que
adora. Eu também gosto, mas meu Deus, sempre que isto acontece comigo
estou com uma roupa velha, sem tomar banho, sem maquiagem, ou seja,
sem parecer a aniversariante.

Bom, exageros à parte, fazer aniversario é bom, mas é melhor ainda
quando as pessoas que realmente importam lembram de você. Não precisa
de festa, de mensagens ao vivo, de declarações em público ou de faixas
gigantescas com sua idade, o mais importante é o companheirismo.

sábado, 9 de abril de 2011

Atraso e problemas técnicos atrapalharam o show do Pato Fu. Mas o espetáculo vale a pena


O texto é grande porque fala de quase tuuudo o que aconteceu no show ;)


Cinquenta minutos de atraso deixaram pais e crianças impacientes na estreia do show Musica de Brinquedo, da banda Pato Fu, no Festival de Curitiba, na última quinta-feira (7). Palmas cadenciadas, coral de “começa, que demora é essa?” e até vaias marcaram a espera da apresentação que estava prevista para as 19h30, mas começou as 20h20.


O Auditório Bento Mossurunga, do Colégio Estadual do Paraná, lotado para apresentação também não ajudou. Com cheiro de mofo, marcas de infiltração e problemas de sonorização e espaço, o teatro trouxe mais complicações ao show. O evento que faz parte da programação do Guritiba, bloco do Festival de Curitiba destinado a crianças, parece que não teve uma organização pensada para os pequenos (para começar: quem disse que Pato Fu é show infantil?). Os ingressos vendidos não são numerados, logo, a escolha do lugar fica por conta da ordem de chegada, o que dificulta o público infantil de enxergar o palco. Houve ainda problemas de microfonia e oscilações no som.

O show

Após a primeira música, Primavera, Fernanda Takai avisou que a banda também estava aguardando o inicio do show. “Esperamos assim como vocês, por causa de um problema com a mesa de luz. Mas acho que a luz desta noite vai ser mais forte”, disse. Foi o que a banda tentou fazer: brilhar, apesar de todas as falhas técnicas.


O repertório que nada tinha de infantil (ainda bem). Tocaram Sonífera Ilha e antes de começar Rock and Roll Lullaby a vocalista se justificou “apesar de este show ser para as crianças, tem muita gente grande aí e acho que a próxima música é mais para elas. Mas as crianças vão gostar da música, também”.


É surpreendente o que o grupo faz com instrumentos em miniatura, além de transformar o som de brinquedos em música. Apesar de estarem fazendo tudo diante dos nossos olhos, é difícil acreditar que uma galinha de borracha ou uma arma de luzes estejam realmente produzindo uma melodia. Os solos do guitarrista John Ulhoa, do baixista Ricardo Koctus e do baterista Xande Tamietti com instrumentos tão pequenos, também são admiráveis. Por isso, Ulhoa fez questão de mostrar alguns instrumentos antes de começar a tocar Frevo Mulher. Nesta música, ele “toca” com uma espécie de lápis que produz som ao rabiscar. A zabumba fica por conta de um dos bonecos que fazem o “backing vocal” de Fernanda. Os monstros Ziglu e Broco, do grupo de teatro de bonecos Giramundo, participam do show cantando, falando, tocando e distraindo os espectadores. Eles são os responsáveis pelo tom infantil do espetáculo.


O set list contou ainda com sucessos antigos da banda como Eu (que trouxe uma batida pesada de rock), Sobre o Tempo e Perdendo Dentes. As três músicas foram cantadas apenas pelos mais velhos. Em Ovelha Negra, o público ajudou imitando ovelhas antes do início da música.


Fernanda cometeu um erro ao chamar Live and Let Die antes do previsto. Pediu desculpas, mas a banda resolveu trocar a ordem do set list e tocar a música que conta com efeitos de luz e surpresas no refrão.


Em Simplicidade, um problema com a sonorização de um tambor que seria tocado pela percussionista Mariá Portugal, fez com que o baterista improvisasse e tocasse a parte dela na bateria. A experiência e maturidade da banda que assina quase 20 anos de carreira fizeram com que os problemas fossem encarados com aparente naturalidade e bom humor.


O repertório contou ainda com Todos Estão Surdos, Interfone, Twiggy Twiggy, My Girl (em que John faz a marcação do baixo cantando) e Ska.


Para o bis, o grupo deixou Love Me Tender, que começa com uma caixinha de música à manivela tocada por Fernanda. A caixinha produz um som que remete a canções de ninar. Nessa hora, algumas crianças já estavam mesmo dormindo.


Embora os problemas técnicos tenham prejudicado o bom andamento da apresentação, o show teve um tom intimista e divertido. A proposta de fazer música com brinquedos é atendida e os arranjos são bem elaborados. Talvez, se o local de apresentação tivesse sido outro a banda não enfrentasse tantas falhas. A segunda apresentação foi no dia 8, sexta-feira. Se os problemas da estreia tiverem sido sanados, o espetáculo com certeza vale o ingresso. Mas vale mais para os pais.


Quero poder assistir outra vez, mas num local mais apropriado para receber uma banda como o Pato Fu.


Foto: Divulgação

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sob chuva, "Sua Incelença, Ricardo III" lota arquibancadas no Largo da Ordem



Digna. Esta é a palavra que pode resumir a segunda (e última) apresentação da peça Sua Incelença, Ricardo III, da Companhia Clowns de Shakespeare, no Festival de Curitiba, na quarta-feira (30). A única peça de rua da Mostra Oficial enfrentou um típico "problema" curitibano: o clima. Uma forte chuva começou exatamente às 19h, momento em que os atores fizeram do Largo da Ordem um palco.


A apresentação, aliás, quase não aconteceu. Com as arquibancadas e o chão lotados de pessoas ansiosas pelo início da peça, a chuva atrapalhou o sistema elétrico e os atores, já em cena, precisaram voltar à posição inicial. O diretor da peça, Gabriel Villela, pediu desculpas e paciência enquanto os técnicos tentavam encontrar uma solução. “Se conseguirmos arrumar o sistema de iluminação, a peça vai acontecer, com chuva ou sem chuva”, disse. Saiu desculpado e aplaudido.


Alguns minutos depois, as luzes voltaram e a peça começou novamente. A equipe corria de um lado a outro secando instrumentos, cobrindo o teclado e ajudando os atores a trocar as roupas encharcadas. Quem também se molhou foi a plateia, imóvel, sem se preocupar com a chuva que não parava de cair. Ah, e vale lembrar que guarda-chuvas e capas de plástico não ajudaram quem estava sentado na arquibancada. Afinal, ficamos todos molhados (me incluo nessa catergoria).


Entre as incelenças nordestinas e o rock clássico inglês, com menções à banda Queen, os oito atores cantaram e tocaram ao vivo, além de interpretarem mais de 15 personagens. No meio da peça as luzes novamente se apagaram. A plateia em uníssono soltou um “aaahh...” de tristeza. Talvez achassem que o espetáculo seria interrompido, mas os atores não pararam a apresentação. Mesmo no escuro e sem microfones, eles continuaram. E não demorou muito para o problema ser resolvido (de novo).


Mesmo com o texto shakespeariano arcaico e com toda a chuva comprometendo figurinos e cenários, a montagem se superou. Os atores se arriscavam com toda a parafernália elétrica em contato com a água e vez ou outra os microfones falhavam. Mas o esforço valeu a pena. Prova disso foram os dez minutos de aplausos da plateia, em meio a gritos de agradecimento à equipe por ter aguentado até o fim da apresentação. O elenco reverenciou três vezes. A água da chuva no rosto de algumas atrizes se misturou a lagrimas de emoção. Os guarda-chuvas nesta hora já começavam a se fechar: a chuva só durou até as 20h20, momento em que a peça terminou.