quarta-feira, 27 de julho de 2011

O "caso" Amy Winehouse. E se fosse com você?

Recebi um e-mail de uma pessoa indignada com a quantidade de homenagens que estão sendo prestadas à Amy, depois de sua morte. O e-mail dizia que a "mocinha" não tinha nenhum exemplo para dar aos "nossos filhos" e que "já devia ter ido há muito tempo".

A mensagem trazia uma sequência de fotos que mostravam o declínio de Amy. Linda no início da carreira, com corpão saudável e estilo gostosona, mas magra, machucada e visivelmente destruída pelo uso das drogas em fotos mais recentes.

Meu choque, no entanto, é perceber a desumanização da pessoa que me enviou o e-mail. Amy foi uma cantora sensacional. Embora o refrão de sua música de maior sucesso, Rehab, fale sobre sua negação em procurar ajuda para se livrar dos vícios, todo o restante da mesma música fala muito mais em se recuperar longe de uma clínica de internação. Ela, inclusive, diz:


I don't ever want to drink again
(eu não quero beber nunca mais)
I just, ooh, I just need a friend
(eu só preciso de um amigo)
Simples assim. Ou alguém acha que uma pessoa presa a um vício não quer se livrar dele?
Não sou psicóloga. Não sei qual é o melhor tratamento para um viciado e tenho consciência de que as clínicas de reabilitação servem, sim, para ajudá-los. Mas, às vezes, a pessoa está precisando apenas de um amigo. Apenas de alguém para ouví-lo. Apenas de alguém para dividir sua vida, com sinceridade. E no caso de Amy, com a fama, o dinheiro e o sucesso, imagino que encontrar uma pessoa assim não seja a tarefa mais fácil.

Voltando ao e-mail recebido, a mensagem dizia que a cantora não tinha nenhum exemplo para dar "aos nossos filhos". Pois é extamente o contrário: Amy não deixa uma lição apenas para os filhos, mas para todas as pessoas. Suas fotos mostram claramente o poder de destruição das drogas. Sua trajetória de vida mostra que sucesso, fama e dinheiro, no fim das contas, não valem nada. E, principalmente, mostram que aquele drogado que você vê com medo ou desprezo talvez esteja precisando apenas de um amigo.

Eu não conheço a pessoa que me enviou o e-mail. Mas gostaria de dizer à ela que se Amy fosse sua irmã, sua prima, sua amiga, namorada ou se simplesmente fizesse parte de sua vida de uma forma mais próxima, você não desejaria que ela "já tivesse ido há muito tempo". Pelo contrário, você desejaria ser o amigo que ela precisou e não teve durante a vida.

Nunca despreze alguém.
Na maioria das vezes, o que as pessoas precisam é de um pouco de atenção.