sábado, 9 de abril de 2011

Atraso e problemas técnicos atrapalharam o show do Pato Fu. Mas o espetáculo vale a pena


O texto é grande porque fala de quase tuuudo o que aconteceu no show ;)


Cinquenta minutos de atraso deixaram pais e crianças impacientes na estreia do show Musica de Brinquedo, da banda Pato Fu, no Festival de Curitiba, na última quinta-feira (7). Palmas cadenciadas, coral de “começa, que demora é essa?” e até vaias marcaram a espera da apresentação que estava prevista para as 19h30, mas começou as 20h20.


O Auditório Bento Mossurunga, do Colégio Estadual do Paraná, lotado para apresentação também não ajudou. Com cheiro de mofo, marcas de infiltração e problemas de sonorização e espaço, o teatro trouxe mais complicações ao show. O evento que faz parte da programação do Guritiba, bloco do Festival de Curitiba destinado a crianças, parece que não teve uma organização pensada para os pequenos (para começar: quem disse que Pato Fu é show infantil?). Os ingressos vendidos não são numerados, logo, a escolha do lugar fica por conta da ordem de chegada, o que dificulta o público infantil de enxergar o palco. Houve ainda problemas de microfonia e oscilações no som.

O show

Após a primeira música, Primavera, Fernanda Takai avisou que a banda também estava aguardando o inicio do show. “Esperamos assim como vocês, por causa de um problema com a mesa de luz. Mas acho que a luz desta noite vai ser mais forte”, disse. Foi o que a banda tentou fazer: brilhar, apesar de todas as falhas técnicas.


O repertório que nada tinha de infantil (ainda bem). Tocaram Sonífera Ilha e antes de começar Rock and Roll Lullaby a vocalista se justificou “apesar de este show ser para as crianças, tem muita gente grande aí e acho que a próxima música é mais para elas. Mas as crianças vão gostar da música, também”.


É surpreendente o que o grupo faz com instrumentos em miniatura, além de transformar o som de brinquedos em música. Apesar de estarem fazendo tudo diante dos nossos olhos, é difícil acreditar que uma galinha de borracha ou uma arma de luzes estejam realmente produzindo uma melodia. Os solos do guitarrista John Ulhoa, do baixista Ricardo Koctus e do baterista Xande Tamietti com instrumentos tão pequenos, também são admiráveis. Por isso, Ulhoa fez questão de mostrar alguns instrumentos antes de começar a tocar Frevo Mulher. Nesta música, ele “toca” com uma espécie de lápis que produz som ao rabiscar. A zabumba fica por conta de um dos bonecos que fazem o “backing vocal” de Fernanda. Os monstros Ziglu e Broco, do grupo de teatro de bonecos Giramundo, participam do show cantando, falando, tocando e distraindo os espectadores. Eles são os responsáveis pelo tom infantil do espetáculo.


O set list contou ainda com sucessos antigos da banda como Eu (que trouxe uma batida pesada de rock), Sobre o Tempo e Perdendo Dentes. As três músicas foram cantadas apenas pelos mais velhos. Em Ovelha Negra, o público ajudou imitando ovelhas antes do início da música.


Fernanda cometeu um erro ao chamar Live and Let Die antes do previsto. Pediu desculpas, mas a banda resolveu trocar a ordem do set list e tocar a música que conta com efeitos de luz e surpresas no refrão.


Em Simplicidade, um problema com a sonorização de um tambor que seria tocado pela percussionista Mariá Portugal, fez com que o baterista improvisasse e tocasse a parte dela na bateria. A experiência e maturidade da banda que assina quase 20 anos de carreira fizeram com que os problemas fossem encarados com aparente naturalidade e bom humor.


O repertório contou ainda com Todos Estão Surdos, Interfone, Twiggy Twiggy, My Girl (em que John faz a marcação do baixo cantando) e Ska.


Para o bis, o grupo deixou Love Me Tender, que começa com uma caixinha de música à manivela tocada por Fernanda. A caixinha produz um som que remete a canções de ninar. Nessa hora, algumas crianças já estavam mesmo dormindo.


Embora os problemas técnicos tenham prejudicado o bom andamento da apresentação, o show teve um tom intimista e divertido. A proposta de fazer música com brinquedos é atendida e os arranjos são bem elaborados. Talvez, se o local de apresentação tivesse sido outro a banda não enfrentasse tantas falhas. A segunda apresentação foi no dia 8, sexta-feira. Se os problemas da estreia tiverem sido sanados, o espetáculo com certeza vale o ingresso. Mas vale mais para os pais.


Quero poder assistir outra vez, mas num local mais apropriado para receber uma banda como o Pato Fu.


Foto: Divulgação

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